Cartografias da Ação Humana

Cartografias da Ação Humana propõe-se como um exercício de consciência e de interpelação. A exposição surge como alerta face à acelerada degradação do planeta e à urgência de repensar os modelos que estruturam as sociedades contemporâneas. Enquanto não forem revertidas as práticas que alimentam um sistema insustentável, a necessidade de chamadas de atenção permanecerá constante.

As obras aqui reunidas inscrevem-se no território da denúncia e da reflexão, revelando as marcas visíveis da crise ambiental e os seus efeitos sobre a sobrevivência das espécies.

Ragnar Axelson convoca o olhar para a fusão dos glaciares e o consequente aumento do nível das águas, questão fulcral no debate sobre o futuro das regiões costeiras. No projeto Mel Amargo, Margaux Senlis percorre o território francês para documentar o desaparecimento das abelhas, vítimas de monoculturas, secas e pesticidas, sublinhando os riscos que este fenómeno acarreta para a polinização e para o equilíbrio dos ecossistemas.

Mandy Barker, em colaboração com biólogos marinhos, expõe a lenta agonia da Pardela de Patas Claras, consequência direta da ingestão de microplásticos — um testemunho pungente da contaminação invisível que ameaça a vida nos oceanos.

A exposição convoca, assim, não apenas o olhar, mas também a responsabilidade. Num momento de agravamento crescente das condições ambientais, cada gesto, por mais pequeno que seja, adquire relevância: reduzir consumos, repensar hábitos, adotar práticas de maior sustentabilidade.

Cartografias da Ação Humana é, em última instância, um convite a imaginar e a construir um futuro mais verde, onde a arte se torna lugar de resistência e de transformação.

Rui Prata